ANM mining process number: 830.401/2011
Current phase: Requerimento de Lavra
Mineral Substance: Diamante e Ilmenita
Area (ha): 184,82
County: Medeiros
state: Minas Gerais
Localização: A Brasil Mineral é uma empresa de pesquisa e exploração mineral fundada em 2011 por geólogos com mais de 20 anos de experiência em pesquisa mineral. Este documento apresenta os dados obtidos a partir da pesquisa mineral da substância diamante, neste caso relacionado a fonte primária – kimberlitos. Os trabalhos foram conduzidos no município de Medeiros-MG, distante cerca de 300 km de Belo Horizonte.
A rodovia LMG-827, que liga Bambuí a Medeiros, bordeja a porção leste da área de pesquisa, antes de chegar à cidade de Medeiros. Três estradas vicinais ligam esta rodovia dando acesso à área da pesquisa mineral, distante cerca de 5 km a sudeste do centro urbano.

Localização e acesso à área de pesquisa a partir de Medeiros. Nesta área foram identificados três corpos kimberlíticos.
Contexto Geológico: O município de Medeiros situa-se no oeste de Minas Gerais, na borda sudeste da Serra da Canastra. A geologia da região é constituída por rochas do Grupo Canastra, que exibem uma cobertura metassedimentar do Proterozoico Médio constituída por quartzitos, filitos e xistos, cavalgados sobre siltitos e calcários do Grupo Bambuí que constituem a principal unidade neoproterozoica do Cráton São Francisco.
O Cráton São Francisco representa um extenso núcleo estabilizado no final do ciclo Transamazônico, margeado por faixas de dobramentos do Proterozoico Superior relacionadas ao ciclo Brasiliano (Almeida, 1977). A região abrangida pelo Cráton São Francisco e faixas móveis adjacentes guarda o registro de sucessivos ciclos sedimentares, que compreendem diversas unidades litoestratigráficas. Na região sudoeste de Minas Gerais estas unidades pertencem ao Supergrupo São Francisco, representados pelos Grupos Canastra e Bambuí, que foram deformados pela tectônica de formação da Faixa Brasília.
De provável correlação com o magmatismo Mata da Corda ocorrem uma série de corpos magmáticos intrusivos de provável idade cretácea que conformam o “Campo Kimberlítico de Bambuí”. A figura abaixo apresenta o mapa geológico da região, no qual a área de pesquisa está destacada em vermelho.
Pesquisa Mineral Realizada: Os trabalhos de pesquisa realizados até o momento e seus resultados são apresentados a seguir.
- Identificação dos corpos intrusivos
A prospecção dos corpos intrusivos foi primeiramente norteada pelos dados aerogefísicos da CODEMIG, sobretudo, as informações do levantamento magnetométrico – SIGN Sinal do Campo Magnético Total e de sua primeira derivada (1dv), da “Área 7”. Esses dados indicaram a presença de três anomalias magnéticas que posteriormente foram relacionadas aos corpos intrusivos. Após checagens de campo, essas anomalias foram confirmadas como pipes kimberlitos, denominados Medeiros I, II e III, com as abreviaturas de MED I, MED II e MED III.

Dados aerogeofísicos. A) Mapa do Sinal Analítico do Campo Magnético Total. B) Primeira Derivada do Campo Magnético (1/dv). Fonte: CODEMIG (2007).
Inicialmente, apenas um corpo pouco alterado (MED III) foi detectado em porção aflorante em leito de drenagem de primeira ordem, afluente do ribeirão Ajudas. Posteriormente, com o auxílio de prospector sênior internacional, Sr. Osvaldo França, os outros dois corpos (MED I e MED II) foram identificados ainda que totalmente encobertos por depósitos coluvionares ou em corte de estrada.

A) Afloramento do Corpo Kimberlítico MED III em leito de drenagem em afluente do rio Ajudas. B) Amostra de mão do Kimberlito MED III fácies cratera, verifica-se fragmentos angulosos e xenólitos em meio a matriz serpentinizada a partir das alterações das olivinas e dos piroxênios.
- Detalhamento dos corpos kimberlíticos – uso de cintilometria
O mapeamento cintilométrico realizado para o corpo MED I, indica as dimensões do corpo kimberlítico em superfície perfazendo aproximadamente 80 x 120m. Ressalta-se que a porção nordeste deste corpo se encontra encoberto por colúvio, onde o cintilômetro não acusa anomalia radiométrica, podendo ele se estender mais nesta direção.
Para os demais corpos intrusivos (MED II e MED III), o cintilômetro não se mostrou uma ferramenta eficiente para a definição destes corpos em superfície. Desta forma será empregado o magnetômetro terrestre para o detalhamento dos contatos deles com as rochas encaixantes.

Perfil radiométrico aferido em campo, em Cintilações por segundos (CPS), com o uso de um cintilômetro em MED I.
- Abertura de trincheiras
Para a amostragem dos corpos MED I e MED II, foram recolhidos cerca de 5000 litros de material correspondente à rocha alterada, por meio da escavação de duas trincheiras de 3m de profundidade, largura de 1m e 4m de comprimento aproximadamente com o auxílio de tratores e escavadeira. É importante destacar que esta etapa e as etapas de lavagem e concentração tiveram amplo apoio por parte do superficiário, inclusive com disponibilização de maquinários, pessoal e local apropriado para lavagem e concentração dos minerais indicadores de diamantes.
O corpo MED III, apresenta-se menos alterado que os demais kimberlitos identificados na área e aflora por aproximadamente cinquenta metros no leito de drenagem encaixada em vale apertado. Como a rocha apresenta-se bastante coesa, optou-se por amostragem de sedimento de corrente no leito da drenagem imediatamente a jusante do corpo, aproveitando os desníveis presentes. Esta etapa da pesquisa foi desenvolvida por geólogo e por dois garimpeiros experientes provenientes dos garimpos de Coramandel-MG. Para a concentração dos minerais indicadores foram utilizados conjuntos de peneiras, bateias, baldes, pás e picareta.
- Lavagem e concentração dos minerais pesados
A lavagem do material alterado consistiu basicamente na retirada dos argilominerais e serpentinas via úmida. Para maior otimização deste procedimento foi utilizada uma betoneira com capacidade para 450l, sendo a mesma alimentada pelo material kimberlítico alterado e água proveniente de represa já existente no local.

Lavagem do material kimberlítico alterado com auxílio de betoneira e concentração de minerais pesados.
- Atividades realizadas em laboratório
Os procedimentos descritos a seguir foram realizados no Centro de Pesquisa Manuel Teixeira da Costa (CPMTC) e no Laboratório de Tratamento de Minérios (LTDM) do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG.
Secagem e peso específico – a primeira etapa foi a secagem da amostra em estufa a temperatura de 80°C. Foram feitos testes em duplicata por meio de picnometria a fim de obter o peso específico das rochas alteradas, que resultaram em 2.35 g/cm³ e 2.41 g/cm³, para o MED I e II, respectivamente.
Peneiramento – peneiramento à seco através da série de peneiras de Tyler. As frações retidas nas peneiras foram pesadas e separadas.
Separação magnética – Os pré-concentrados obtidos, dispostos em bandejas, foram expostos ao campo magnético de um imã de mão, variante entre 800 a 1200 Gauss para separação de todos os minerais paramagnéticos das amostras, tais como ilmenitas e magnetitas.
Exame sob lupa binocular – As frações não magnéticas foram observadas sob lupa binocular, quando os minerais de interesse prospectivo e indicadores de diamantes tais como granadas, espinélios e cromo-diopsídios foram separados.

Exemplos de minerais indicadores separados ao final das etapas da pesquisa mineral. I) – Cr-diopsídios. II, III e IV) – granadas.
Análises geoquímicas em microssonda eletrônica – Para a execução das análises de minerais indicadores previamente selecionadas dos corpos kimberlíticos foi utilizada a microssonda eletrônica disponível no Laboratório de Microanálises da UFMG (JEOL – JXA-8900 Superprobe), dotada de quatro espectrômetros e adequada a fornecer análises qualitativas (EDS) e quantitativas (WDS).
Análise em Micro-Ramam – Alguns minerais com brilho e formas peculiares também foram separados. Análise Ramam destes minerais relevaram a presença de fosfatos (apatita e berilonita), topázio e soluções sólidas não identificadas.
- Resultados da Pesquisa Mineral
A geoquímica de minerais indicadores de diamantes pode indicar sobre o potencial diamantífero de um determinado corpo kimberlítico amostrado. Esses minerais são derivados do manto e comumente mostram características visuais e composicionais que permitem sua distinção de minerais de origem crustal. Os minerais indicadores mais importantes para a pesquisa dos diamantes são as granadas, os cromo-espinélios (cromitas), os cromo-diopsídios, as ilmenitas e as olivinas.
Até o momento foram analisadas em microssonda eletrônica 320 (trezentos e vinte) microcristais de minerais indicadores de diamantes entre granadas, diopsídios e espinélios dos três corpos kimberlíticos identificados – MED I, MED II e MED III. A seguir esses resultados são apresentados por minerais.
Granadas
O reconhecimento de minerais indicadores associados a diamante é baseado no critério composicional derivado de estudos de inclusões minerais em diamante e de xenólitos com presença de diamantes. Esse método tem sido refinado ao longo das últimas décadas, incorporando recentes avanços em geotermobarometria e no entendimento da relação entre composição, temperatura e pressão, especificamente em rochas fontes de diamante.
Estes refinamentos foram largamente incorporados no esquema de classificação de granadas de Grutter et. al. (2004), utilizado aqui para classificação das granadas analisadas até o momento nesta pesquisa mineral. As granadas identificadas seguindo esses critérios foram G10D, G9, G11, G12 e G0, conforme figura a seguir.

Resultado das análises geoquímicas das granadas paras os kimberlitos a) MED I, b) MED II e c) MED III, no diagrama CaO x Cr2O3 proposto por Grutter et. al. (2004) para classificação de granadas.
Um total de 194 (cento e noventa e quatro) granadas foram analisadas em microssonda eletrônica, sendo 87 (oitenta e sete) do corpo MED I, 34 (trinta e quaro) do corpo MED II e 73 (stenta e três) granadas do corpo MED III. A Tabela 1 mostra o resultado por tipo de granada identificada em cada corpo kimberlítico.
Cromo-Diopsídios
A figura a seguir mostra o diagrama definido por Fipke et. al. (1989), para diopsídios inclusos em diamantes, e os cromo-diopsidios analisados para cada corpo kimberlítico. Do corpo MED I foram analisados 24 (vinte e quatro) cromo-diopsídios, sendo que 83% caíram no campo de inclusões de diamante. Do MED II, apenas 3 (três) cromo-diopsídios foram analisados até o momento e dois plotaram no campo de inclusões de diamante. Para o corpo MED III, tem-se que 70% dos 43 (quarenta e três) cromo-diopsídios analisados caíram no campo de inclusões de diamante.

Resultado das análises geoquímicas dos cromo-diopsídios em diagrama binário CaO versus Cr2O3. Fonte: FIPKE et al. (1989).
Cromo-Espinélios
Um total de 56 (cinquenta e seis) cromo-espinélios, ou cromitas, foram analisados geoquimicamente, sendo 01 (um) do corpo kimberlítico MED I, 26 (vinte e seis) do corpo MED II, e 28 (vinte e oito) do corpo MED III. Os resultados mostram similaridade com corpos kimberlíticos reconhecidamente diamantíferos, conforme a figura a seguir.

Lançamento dos resultados das análises geoquímicas dos espinélios paras os kimberlitos MED I, MED II e MED III. Relação MgO x Cr2O3 para classificação de espinélio baseado no sistema estabelecido por Fipke et al. (1989, 1995) e Gurney & Zwiestra (1995).

Resultado das análises geoquímicas dos espinélios paras os kimberlitos MED I, MED II e MED III. Relação TiO2 x Cr2O3 para caracterização da fertilidade de intrusões kimberlíticas, segundo Fipke et al., 1995; Gurney & Zwiestra (1995).
Interpretação dos Resultados:
Os resultados obtidos nesta pesquisa mineral com base nas análises geoquímicas dos minerais indicadores de diamantes, sobretudo as granadas, os cromo-diopsídios e os espinélios são considerados proeminentes e bem correlacionáveis aos corpos kimberlíticos férteis em diamante disponíveis na bibliografia internacional.
A título de comparação, a figura abaixo mostra o resultado dos diagramas confeccionados para as granadas e os espinélios do corpo kimberlítico Canastra 1 em São Roque de Minas, apresentados por Andrade (2012). Ressalta-se que o corpo kimberlítico Canastra 1 é considerado um corpo kimberlítico mineralizado (Chaves et al 2011) estando o mesmo posicionado em contexto geológico diferente dos corpos de Medeiros aqui estudados. Embora o corpo Canastra 1 esteja posicionado em faixa móvel e os corpos MED’s I, II e III encontram-se dentro do Cráton do São Francisco fator que favorece para a possibilidade de mineralização diamantífera. O Canastra 1 é reconhecidamente diamantífero e forneceu diamantes para diversos garimpos instalados no Rio São Francisco no passado. Como pode ser constatado por uma simples comparação visual, os gráficos são bastante semelhantes, o que indica uma possível mineralização semelhante entre o corpo Canastra 1 e os corpos kimberlíticos de Medeiros aqui apresentados.

Diagramas do Kimberlito Canastra I. A) Relação CaO x Cr2O3 para granadas B) Relação MgO x Cr2O3 para classificação de espinélio – Cr (cromita). C) Relação TiO2 x Cr2O3.
Conclusões
A pesquisa mineral para diamante é bastante complexa em se tratando de um bem mineral extremamente raro e de ocorrência errática. Ainda que nenhum diamante tenha sido até o momento recuperado durante a pesquisa mineral, os resultados das análises geoquímicas apontam para possibilidade de mineralização diamantífera nos kimberlitos MED I, MED II e MED III. Dessa forma se faz necessária uma amostragem de volume significativo (Bulk Sample) dos corpos identificados para processamento em planta de lavagem com intuito avançar na obtenção de resultados mais detalhados da pesquisa mineral.
Os resultados preliminares são considerados bastante promissores, levando à necessidade de investimentos mais robustos na pesquisa mineral do Diamante. Além disso, os teores de ilmenita indicam a viabilidade econômica desse mineral. Desta forma, a Brasil Mineral LTDA apresenta, neste ínterim, oportunidade de negócio para investidores.
Value (R$): 3.000.000,00






